2009/05/27

Sempre a mesma coisa.

Olhos colados no tecto, e nada senão escuro. 3 horas passadas desde o ritual que executo todas as noites antes de deixar finalmente cair a cabeça na almofada. E nada. Sinto-me cansado, mas não durmo. Acho que o meu corpo já trabalhou demais por hoje, mas a minha cabeça ainda não está preparada para se deixar ir. Malditas insónias. Acotovelo a almofada.

Passam-me pela cabeça todas as coisas do dia, da vida, dos outros, dos mesmos de sempre. Planos, entregas, chatices e sonhos numa confusão de pensamentos que se atropelam por uma ponta de atenção na esperança de se sentirem resolvidos. Irritado com a confusão, rodo 90 graus sobre mim mesmo, para a posição "que faz dormir".

Mas nada funciona. Os números vermelhos do meu despertador parecem gozar comigo. Cada vez que muda um minuto, actualizo na minha cabeça as contas das horas de sono que ainda posso ter pela frente. Contabilizo as coisas que podia ter feito nas horas que desperdicei ali, preso entre os lençóis. Fecho os olhos com mais força.

No silêncio do meu quarto, ouço o meu estômago. Queixa-se. Diz que já passaram horas a mais desde que jantei. E tem razão. Numa espécie de acrobacia de zombie, rebolo para fora da cama e acendo a luz - "Ei, ouve lá..." - dizem os meus olhos já desabituados à claridade. No chão ingrato e frio da cozinha, enfio um par de pães com "nada", para enganar a fome e volto ao meu quarto para me sentar na cama e refazer as contas do sono, enquanto acabo de mastigar - ouvi dizer que faz mal comer deitado - e volto ao quentinho.

Eventualmente, chega o João Pestana, ofegante e atrapalhado, pede desculpa pelo atraso e dá-me o merecido descanso.

"És sempre a mesma coisa..." - respondo-lhe, do dia seguinte, ao acordar.

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