2009/01/29

Numa sala às 22:49

Encaixado na cadeira até às omoplatas, sem mais por onde procrastinar...O capuchinho vermelho ao meu lado a tentar ensinar-me o que não quero mais aprender e a ressabiar de stress...mas ri-se. O Rafael tenta falar, mas só lhe saem sons de esforço...O que estará a dizer? A minha mãe consola-o. O pai discute ao telefone com algum aliado mais uma estratégia de virar tudo ao contrário na direcção certa. Quando acabar, voltará certamente a atacar as teclas do computador. A minha mana mais velha entretida com a medicina chinesa, mas de olho no seu mais-que-tudo, que agora coça freneticamente um dos seus três dentinhos. E eu...aqui, a observar, passando pretensiosamente os dedos pela barba. Apesar da minha posição rebaixada, vejo tudo daqui. Estão todos a entreter-se e eu a entreter-me com eles.

Onde estará o meu irmão? Vou imaginar....

2009/01/28

Nome de Código: Cotonete

Porque é que ninguém me ouve quando falo?
O que digo é verdade até ser provado mentira. Tenho esta mania desde sempre, carneiro de nome e de personalidade, sempre às turras, agarrado à minha lógica sem dar ouvidos a ninguém....mas só ás vezes. Outras vezes sou o gajo mais tranquilo do mundo, concordo com tudo, e tudo tem razão de ser de certo ponto de vista. Suponho que esta falta de consistência possa confundir os mais objectivos.

Porque é que ninguém responde quando pergunto?
O mais óbvio para todos é o grande mistério para mim. Se está sabido, divulgado, lido e arquivado, é melhor alguém me dizer, senão vai-me passar ao lado. Se prestasse mais atenção ás coisas, talvez não acontecesse, mas confio que as coisas tomam conta de si e não precisam da minha atenção. De vez em quando, lá dou uma vista de olhos nos títulos das notícias a ver se é preciso alguma coisa. Normalmente, só leio o que me interessa e deixo o mundo fazer a sua cena.



Porque tapam os ouvidos quando canto?
Incontrolável vontade de deitar cá para fora a música que expressa o meu estado de espírito é frequente no meu dia-a-dia. Verdade que tendo a repetir a mesma música e frequentemente a mesma parte da mesma música. No peito dos desafinados também bate um coração, sabiam?

Se você disser que eu desafino amor
Saiba que isso em mim provoca imensa dor
Só privilegiados têm ouvido igual ao seu
Eu possuo apenas o que Deus me deu


Porque se riem quando danço?
Certo e sabido é que tenho dois pés esquerdos. Falta de sentido de ritmo, falta de sentido estético. Mas dançar é expressar e expressar é partilhar e partilhar é bonito. Prefiro dançar mal a não dançar, e prefiro calcar do que dançar sozinho. Prefiro dançar de olhos fechados e curtir o som..

I'd rather dance with you than talk with you
So why don't we just move into the other room
There's space for us to shake, and hey, I like this tune

Sou uma pessoa estranha.

A importância do acordar

A famosa transição de papeis forçada pelo despertador. Quando passamos de sonhadores, sem preocupações nem responsabilidades para trabalhadores com afazeres atrasados para a hora de pegar no dia. Já vezes sem conta foi explicado pelos especialistas a importância do que fazer antes de ir para a cama para garantir uma boa noite de sono. No entanto, pouco é dito sobre o acordar, salvo o especial ênfase na primeira refeição do dia.

Pois eis que me ponho no papel pouco merecido de perito em acordar, com uma estória. Hoje o meu pai tentou desligar o meu alarme, na esperança de apaziguar o furioso alarme dos bombeiros que é o meu despertador, e conseguiu apenas mudar de alarme para rádio. Assim o deixou, talvez porque estava com pressa ou porque gostou do que ouviu. É que, coincidência das coincidências, o meu radio estava sintonizado para uma estação de música clássica. Depois de uns abanões que a mim pareceram pontapés, o meu antecessor lá conseguiu que eu murmurasse qualquer coisa que o satisfizesse sobre o meu estado de lucidez, e foi. Ora eu, ainda debaixo dos cobertores e sem ter aberto ainda os olhos, senti a vontade extra de acordar que se sente sempre ao ouvir música clássica, ou seja, nenhuma. Verdade seja dita que o alarme dos bombeiros já estava mais a atrofiar os meus sonhos para algo psicadélico do que a tirar-me da cama. Assim, vi-me acordado duas horas mais tarde, mas muito mais bem disposto. Atrasado? Sim, mas com vontade de estar acordado.

Portanto vos digo, meus amigos:
Se vos levantais tarde, que seja bem dispostos. Não acordem cedo, acordem bem.
Se já estás atrasado, que seja bem atrasado. Muito atrasado e muitíssimo atrasado são falácias sugeridas pelos advérbios de quantidade. Chega calmo, sereno, recuperado e diz: 'Peço imensa desculpa pelo atraso' - com um sorriso...
A manhã é feita para acordar, digo eu. Se não a consegues vencer, junta-te a ela.

2009/01/20

Um dia como nenhum

Hoje acordei sem saber o que pensar... Tudo a que sempre aspirei, tudo o que alguma vez alguém aspirou tornar-se-á a minha realidade dentro de poucas horas. Dou por mim numa situação que poucas pessoas viveram. 43 pessoas para ser exacto. Sei os nomes todos de cor, o que fizeram, estudei os seus erros, mas não sei nada sobre eles como eles não sabem nada sobre mim.

A minha imagem política é o meu ser para todos menos aqueles que sabem que isso não é verdade. Será que o mundo não vê que sou apenas uma pessoa?

"I do solemnly swear that I will faithfully execute the office of President of the United States, and will to the best of my ability, preserve, protect and defend the Constitution of the United States."

Haverá mudança, com certeza. A minha vida de pernas para o ar.
Iraque, Economia, o Ambiente? Sim, isso também, se Deus quiser.

2009/01/19

Marés

Descalço de sabedoria e nos pés, atacava as rochas da praia do paraíso, levando um gancho na mão e a vontade no coração. Levava também o meu pai, que se dedicava á procura dos mexilhões certos para a massa. Eu não me contentava com conchas. Queria lutar com os monstros de 8 pernas. Para além da minha arma, estava equipado com uns calções , um boné enterrado à força pela minha mãe antes de sair e uma rede onde colocaria os meus prisioneiros de guerra.

A caça ao polvo não tem grande ciência. É um jogo de espera e convicção para o qual infelizmente fui perdendo talento e paciência ao longo dos anos. Na altura, era o meu destino encontrar o buraco certo. Em cada buraco que esgravatava tinha a certeza absoluta que se escondia um polvo. Conseguia vê-lo claramente através da minha imaginação e penso que isso era o que me tornava um bom apanhador de polvos. Cheguei a vir com 10 para casa num só dia.

Quando o polvo passava da minha imaginação para o meu campo de visão, começava a batalha. Atirava o gancho para o lado, e chamava-o para um mano-a-mano. Ele com tinta, eu com gritos, tentávamos confundir-nos mutuamente. Nunca percebi bem onde estão os olhos do polvo, ou mesmo se eles têm olhos, mas percebia quando o meu adversário estava distraído, lançando-lhe a mão e dando-lhe os golpes finais que não vou passar a descrever em texto, sob pena de impressionar os leitores mais sensíveis.

Realmente impressionante sobre tudo isto era que apesar de ser um enorme apreciador de polvo, e de a minha mãe ser exímia a prepará-los, os polvos que eu caçava nunca me sabiam tão bem. O meu respeito pelo adversário não me permitia saboreá-lo no prato tanto como no campo de batalha. 

A massa de mexilhões do meu pai, no entanto, nunca esteve longe de espetacular...

2009/01/18

Always the one

Há dias...aqueles dias, aqueles momentos em que mais nada serve...

Abres o frigorífico, vês de tudo. Tudo o que não interessa. Tenho uma sede especial. Não tem um padrão estabelecido, ás vezes é depois do futebol, outras é mesmo quando acordo, a maior parte das vezes está associado ao procrastinanço. Estou dividido quanto á razão desta necessidade..É do sabor, é do rótulo, é da frescura ou da sensação? Não sei. Só posso descrever as 4 fases do que é para mim o processo de um copo de Coca-Cola:

  1. O processo de preparação: Um copo, de preferência alto e magro, com um pouco de casca de limão, apenas o suficiente para azedar um pouco a insuportável gostosice da bebida prometida. 
  2. A bebida: A garrafa deve ser retirada apenas nesta altura do frigorífico, e deve-se encontrar escorregadia de frescura. Ao desenroscar a tampa, certifica-te que ouves a felicidade das primeiras bolhinhas de gás a fugir pelo ar. Serve o néctar com o copo ligeiramente inclinado, como se fosse cerveja. Não faz mal fantasiar que és um barman experiente a servir um cocktail, dá um gosto diferente á experiência.
  3. Finalização: Se não ficaste com 1/2 cm de espuma no topo do copo, fizeste tudo mal. Deita fora e começa de novo. Pega num cubo de gelo, que fica sempre bem, e deixa-o cair no caldeirão da poção mágica. Diverte-te com a pequenas quebras e barulho que faz ao aterrar.
  4. O primeiro gole: Pousa o copo, vai fazer outra coisa, que demore menos que um minuto, para deixar a obra-prima marinar. Vai imaginando como será a experiência enquanto olhas com o canto do olho para a estabilização do gás. Aproxima-te, dá graças pelo que vais experienciar e aproveita. Inclina o copo para cima, não abras demasiado a boca. Deixa a bebida conquistar gradualmente os teus lábios, ambos os lados da tua lingua, e o teu esófago até se estabelecer no seu estômago. Não tenhas medo de quando terminares soltares um "Ahhhhhhhhhhhh" de prazer. É normal e saudável. 
O resto do copo nunca saberá tão bem. Quem me dera que todos os goles fossem como o primeiro.

No entanto, deixo-vos com um exemplo de como o Marketing pode desfavorecer o produto:
The stars will always shine, the birds will always sing
As long as there is thirst, there's always the real thing
Coca-cola is always the one
Whenever there is fun, there's always coca-cola

2009/01/15

Um Rio de promessa


Vou ao Rio de Janeiro em Fevereiro. Um contra-senso, eu sei, mas quando rima, não precisa de fazer sentido.

Ontem "peguei" ás nove e meia da manhã. Avistava um dia preguiçoso à minha frente...Quando o dia não promete nada, parece que o teclado fica perro. Cada tecla é uma decisão que tem que ser bem ponderada. De repente, um raio de luz...As férias que não podia tirar afinal tornam-se disponíveis..

- "Estive a rever o plano..." - diz o Luis - "e afinal, podes tirar férias em Fevereiro visto que..." - e a minha cabeça não mais captou. Afinal! As férias que prometi a mim mesmo aí estão, ao preço que a Ibéria me proporcionou. O Brasil está à minha espera e prevejo grande festa à minha chegada. Eles vão-lhe chamar Carnaval, mas eu sei que em grande parte é felicidade por me verem. O Homem transatlântico, o Carneiro de Portugal.

- " e portanto, o projecto..." - o Luis continuava a falar e eu a acenar a cabeça. Mas o meu pensamento ja tinha sido levado pela corrente do Rio. Imaginava o Samba, o Cristo Rei, Copacabana, Verão Sul-Americano, Cariocas, Bunda. Enquanto enumerava todas as palavras e conceitos relacionados que conheço, praticava mentalmente os termos brasileiros que um "gringo" normalmente conhece. "E aí, cara?", "Legal , galera", "Valeu,hein?". Acabado, reparei que o Luis já nem estava ali. Corri com o rato para o TerminalA.com e fechei o contracto.

Agora aceitam-se conselhos e comentários de inveja, para que possa partir informado e regozijar-me, respectivamente.

2009/01/14

Não sei se estás a ver...

Olha com atenção...aproxima-te se precisares. Descreve-o. Pensa no seu significado. Classifica-o, pensa em todos os seus atributos e formas, faz uma lista o mais extensa possível daquilo que te faz sentir. Saboreia-o. Cheira-o. Cala-te, ouve o que te diz. Pega-lhe, vira-o ao contrário, do avesso, de pernas para o ar. Percebe todas as particularidades do seu ser. Não é lindo?

Agora abre os olhos.

I wonder...


Apollo would sometimes visit Edinburgh...Every once in a year, I felt. These days were interesting to watch..You obviously left the house, even if just for a purposeless walk on the town, and noticed that everybody was wearing sunglasses. Surprising for me was that people actually owned sunglasses when they used them so seldom. The Meadows, a huge park in the heart of the Old Town had a new life to it. You could always see sporty youngsters playing football, frisbee, rugby surrounded by the joggers and the cyclers. On sunny days, however, there was no room for that. The Meadows, usually quiet and pleasant, turned into what I would expect from a shopping mall. Everybody, everywhere, anyhow, in loud and skizofrenik fashion wandering with a single purpose: To "soak up the sun", as Sheryl Crow once brilliantly put it. Aside from all this confusing activity, it was clear to me that everyone seemed happier.

I wonder....did those people know? Do they know it now? The importance of weather I mean...Maybe they're used to it, maybe they just don't care anymore...but the cloudy weather in Edinburgh and in the UK in general, clouds people's social skills and openness. In a bar, in a restaurant, at the bank, at Uni...Each time I was confronted with a cultural clash, a thought came to my mind. "Would this happen on a sunny day?"

2009/01/13

S'é gripe, Cêgripe

Não é vento, não é chuva, já nem é neve...Portugal tem sido atormentado por um rajada de temperatura inconveniente para os que gostam  eventualmente de sair de casa. Os termómetros têm atingidos alturas que começam a preocupar a comunidade científica. Peritos chamam já a este fenómeno "um frio do caralho".
Também para os pescadores a coisa não está fácil. Um pescador aleatório que tivemos a oportunidade de entrevistar em exclusivo, transmitiu-nos: "num tá fácil, tá frio.." . Já a comunidade surfista a norte de Moledo não se pronunciou sobre o assunto visto que na sua maioria não conseguem afastar os maximares nem para tremer os dentes.
Quem goza do fenómeno é a indústria farmacêutica. Na famosa "semana da gripe", ou "Jackpot" como lhe chamam no ramo, fomos investigar as operações de um do maiores lobbies do mundo. Segundo conseguimos apurar, nem eles estavam preparados para isto. Fontes próximas informam que nas farmácias do "povão" começam já a vender adoçante chamando-lhe Cêgripe.
Alguns conselhos se está com gripe:
  1. Não saia da cama para fazer coisas inúteis como ler posts que não fazem sentido. Tome o seu tempo para decidir se vale a pena ou não. Se adormecer no processo, não faz mal. Dormir é bom.
  2. Mantenha-se longe do frigorífico.
  3. Muito cuidado com os azulejos e chão de mármore
  4. Passe de compartimento o mais rápido possível mantendo a porta fechada, não deixe que o vírus se espalhe.
  5. Não use lençóis verdes, não dá para distinguir se estão sujos
  6. Mantenha sempre um rolo de papel higiénico junto da mesinha de cabeceira
  7. Tenha á mão o número da Telepizza
  8. Em caso de espirro, não aponte para o monitor. Escolha sítios faceis de limpar como o chão ou a secretária.
  9. Faça as contas para recuperar totalmente apenas numa sexta-feira. Se se vir a ficar bom á quarta, abra a janela e deixe-se apanhar frio durante uns minutos.

Stay hungry, stay foolish

2009/01/07

Armadilhas para Ursos

Estória 1:
20 minutos de atraso, ainda em casa...Ele, na borda da cama, a ver nem sabe o quê na televisão e ela a arranjar-se lá dentro. Contém-se para não dizer nada, é sempre a mesma coisa, e das vezes que disse de pouco valeu. Acende outro cigarro porque não tem mais unhas para roer nem lábio para morder. De nada serve. Mais 10 minutos passados, chega ela, linda, tão linda que faz esquecer todo o tempo de espera, ainda mais a gente já impaciente no jantar da empresa. De cabeça inclinada, colocando com ambas mãos um impetuoso brinco cintilante, pergunta, com desdém:
- "Olha, vais assim....?"

Estória 2:
Com uma prendinha na mão, entrou sorrateiramente, já com cara de marotagem à procura da sua amada. E ali estava ela, envolta no robe preferido de ambos. Levantou os olhos e recebeu-o com o sorriso de sempre. Deixando-lhe o embrulho no colo, beijou-lhe a testa e inspirou aquele doce perfume de promessa. Esfregando as mãos dirigiu-se à cozinha para ver o que se comia, enquanto a menina se batia com o involucro vermelho. Serviu-se uma dose certa de coca-cola, cortou uma casquinha de limão e esperou o suspiro de consolação.
- "Trouxeste o talão de troca?" - ouviu da sala de estar

2009/01/06

£4.99 All you can....do.

Lazy ass students, we were...

Throughout my three years in Edinburgh, I can't remember ever starting to work on my assignments any sooner than I absolutely had to. Every beginning of a semester, we kept promising each other that it would be different this time around. Never hapenned...Can't say I ever regretted that too much.

Sooner or later, though, the Exam period arrived, and I had to compensate for the lack of work along the year. Least healthy days of my life those were...I slept when I should be studying, studied when I should be sleeping, ate the same stuff all over again, and smoked my lungs out as if it would give me any extra strength. "It's the stress" , I kept repeating to my desk lamp, which looked at me in a paternising manner everytime I started rolling another cigarette.

One by one, the nasty examinations surrendered to my persistence until I had nothing to look forward to but a 4 month summer holiday...Oh, the day.

Mike and me had one last task though...One maybe as important as any test we could have sitted..The last milestone, before what seemed like a lifetime of relaxation. We had this tradition, you see, which I believe could not make sense to any other pair of people other than us. Every year, after the end of the examination period, we would spend 5£ to eat....literally....a tower of pizza slices from Pizza Hut at Nicolson Street. "£4.99 All you can eat", read the sign in the glass.

I never believed that we were extra hungry or any reason that would justify this tradition other than the fact that we could do whatever we wanted now. This was, quite simply, our shout for Freedom. Ironically in William Wallace's country..

3 hours, many slices and glasses of coke later, we couldn't move. And it felt great!

2009/01/05

VC city

Sem mais do que 4 metros quadrados, o compartimento em que me encontro é um mundo por si só. Daqui vejo a minha Mãe, na cozinha, sempre a inventar algo para fazer. De vez em quando vai á sala chamar a atenção do meu Pai, que levanta os óculos pousados no mesmo nariz que o meu, e solta um grunhido de ternura e condescendência. Normalmente fumo um cigarro e admiro o comprimento da marginal de Vila do Conde, até á Póvoa. Hoje decidi escrever.

Os dias aqui têm um encanto diferente..não sei bem o que fiz hoje, pelo menos nada que me lembre daqui a algum tempo. Troquei ideias com o meu pai, discussões com o meu irmão, carinhos com a minha mãe, piadinhas com a Nita, e onomatopeias com o meu sobrinho.
Chegam os meus avós, os meus tios, e acompanhados das mesmas perguntas e respostas de sempre entretemo-nos a devorar os comes da mesa e a luz da TV.
Há dias em que passeio pela marginal, respiro a maresia e as recordações de outros dias em que passava aqui os verões. A gente da vila passeia na marginal, calma. Um passa de bicicleta, outro de corridinha, sempre tranquilos. O vento, esse aqui corre como se não houvesse amanhã. E será que há um amanhã? Às tantas o vento tem razão em se apressar...Será? Estaremos a desperdiçar o tempo ao fazer nada de memorável?

Eu não acredito nisso...Para mim esta terra de vento nervosinho é um descanso. Aquele refúgio quase que espiritual, que junta mimos da família, mar e silêncio. Para levar a vida que se leva, é preciso um dia de vila do conde de vez em quando.
Para fazer bem, é preciso fazer nada também.

2009/01/04

Reveillon em Léon

Doí-me as costas, a garganta, os pés, o estômago, o fígado e as finanças. Mas valeu a pena. 17 em Léon, para celebrar a dobrar, levamos tinto, branco, jolas e brancas. A pensar que o Ano Novo era a passagem da meia noite, vi-me a celebrar os primeiros 2 dias de 2009 e o ultimo de 2008. Ficaram estórias moldadas para diferença do que os intervenientes se conseguem lembrar. Em espaço fechado e esfumaçado ou espaço aberto e gelado celebramos à grande e à portuguesa. Nas discos, copo numa mão, cigarro na outra...o primeiro brinde ao Ano Novo, segundo brinde ao primeiro brinde e assim sucessivamente...palmas para as meninas, que sabem bailar e fazer bailar, curte as luzes, pede mais um...Traz dois!

De cabeça nebulada, visão detorpada e andar incerto, voltavamos, animados pela certeza de ainda haver pelo menos uma loja de Kebabs aberta, que satisfizesse aquela fome de quem não pode beber mais. Como 2009, também o dia amanhecia....

No rescaldo, penso nas conclusões que tirei de tudo isto, e o que aprendi.

Nada me ocorre. Apenas que foi altamente.