2008/12/30

Edin...braah?!

19th of September 2003...A day of unparalleled importance, not because of the 24 hours that formed it, but because this was the day when it all started.

A few days short of 18, I saw myself in a taxi cab when it really hit me. "You're in Scotland, mate". My dad was still with me, sceptic and calm on the outside, but I knew as well as he did that it wouldn't be easy to leave his youngest in this unknown country, which at the moment just looked dark and misty. Quietly, we switched glances exchanging pride and thankfulness. Pride and prejudice, at its best.

Looking out the window I watched the city driving past me, with its color chosen directly from a XIX century novel. We arrived late, so the city was silent. And so it was for the 20 minutes from the Edinburgh Airport to the city centre. I didn't knew then anymore about physics than I do today, but that lack of sound had a smell...A sweet, yet dirty smell, discretely whispering that somewhere around there, something was going on.

I practiced the question a few times in my head, and finally found the guts to ask the driver:
- "Excuse me sir, what's this smell?" - said my forced posh british accent
- "Oh thát? Thát's yeast, lad! Frrom the brury! Olways smells like so at náight, ya knoo? Tháts Edinbraaahh for ya."

I let out my first genuine laugh in Edinburgh. One of many. I'd heard that accent so often in movies, fell in love with it, and there and then...It was just the best thing that could have happened, gently sweeping away my unconscient doubts about this adventure, which had just started.

Past the years, I got used to the smell of the breweries, which worked at night just outside the city. However, this event stuck with me ever since and whenever I saw the city in silence, I made that extra effort to inhale it and have a laugh...at least on the inside.

Throughout my days in old Edinburgh, little things like this kept me going, reminding me that although I wasn't home, I was building something inside...Something which has stayed with me until now, a few years later. Funny episodes, bits of songs, catch phrases...To remind me of my tales from scotland...

"It's a new dawn
It's a new day
It's a new life
For me
And I'm feeling good"

Que dizes?

Eu sei.... não me tentem dizer que não porque eu sei. Quando encostamos as cartas elas fingem que não caem desamparadas...Equilíbrio falso das coisas, aqueles castelinhos que toda a gente sabe fazer menos eu. Se fizessem alguma coisa de útil em vez de castelinhos..

E porque é que só há quatro naipes? Eu digo-vos porquê! Porque não há dinheiro para mais! Se as cartas fossem do 1 ao 13, mas não....vamos fazer aqui a corte real, enchê-los de joias.."Mas só uma?". "Não, uma para cada naipe..." - E depois é isto! CRISE!

E quando não fazem castelinhos, jogam esses joguinhos inúteis. Gostava de saber quantas famílias já foram alimentadas à custa duma "suequinha", como eles lhe chamam. "Qual é o trunfo?", perguntam eles. Ide mas é trabalhar, pah...

E quando começam a fazer aqueles malabarismos, troca de dedos irritante..."ai que a carta desapareceu...onde está ela?". Eu não quero saber onde está a carta, percebes? E se baralhas assim com essa perícia nojenta outra vez, vais é jogar ao apanha 52! É por isto que este país não vai a lado nenhum...

Se baralhares demais o teu baralho, tens a probabilidade de ele voltar á posição inicial. Faz o que tem sentido, junta as cartas que te parecem encaixar, e para 2009 continua a construir o teu castelinho ao teu ritmo. Há gente que não jogo com o baralho todo, e nenhum de nós tem um só naipe. Somos espadas à terça-feira, copas antes de almoço....ás vezes somos de paus mas a maior parte das vezes somos de ouros.

Boas entradas.

2008/12/23

Em família


Chegam um a um, á Terra da castanha, velha Arouca, fria como sempre, mais fria este ano que nos outros, ou pelo menos todos os anos assim parece.

O café Luso parece não mudar com os anos, as cadeiras cheiram a convívio, puxam as risadas que os mais experientes trocam ao jogar a sueca ou discutir o futebol que já não é o mesmo do tempo deles. Controlando este ambiente, sempre observante, o Armandinho do café, o homem que me deu o segundo nome. E que homem. Grandes feitos, o outrora mais novo de 16 irmãos, é agora o pai daquilo a que chamo toda uma família. A minha família.

E um a um, vão chegando, de propósito, a avaliar pela festa que se faz a cada chegada. Vemo-nos de semana a semana, mas só uma vez por ano é Natal. O casarão vai enchendo, o volume das vozes roucas de quem já foi jovem a rir, maldizer, coscuvilhar, cantar! Uns riem porque acham piada, outros riem-se dos outros, e outros ainda simplesmente felizes por ali estar.

A consoada chega num travessão, mas o truque está no molho. Em uníssono devoramos o saboroso bacalhau, enquanto recordamos pela milésima vez todos os Natais passados. Logo dá para observar quem são "as 4 irmãs". Aquelas que se levantam para fazer um anúncio, que afinal mais não é do que uma troçadela marota. As meninas que fazem a festa, e que sem ter que pensar cantam as "Canções de Arouca" naquelas vozes...de quem já foi jovem. Os mais novos vão despachando o ciclo, apressados da parte que lhes desperta a curiosidade:

Em volta uns dos outros, sem forma definida, vejo-me junto dos meus. Aqueles que fazem parte de mim. A festa da entrega das prendas é sempre acompanhada de comentários despropositados, risadas, explicações excessivas..Sempre em alegria. Faz esquecer a desgastante maratona de compras a que somos submetidos todos os anos. Escolhe-se o Pai Natal. Um a um, os embrulhos são anunciados e entregues em voz alta. Seja o que for: "UAAAAUUUUU", risota geral. Enquanto isso, os mais sábios ficam onde lhes convém...Perto dos licores da época e do crepitar da salamandra.

Na simplicidade do que é, o meu Natal nunca foi enfadonho. Este relato pode bem ser qualquer um de todos os Natais que me lembro, e amanhã só quero que seja igual. Do fundo do meu coração, mas igualmente da maneira mais racional que posso, digo: O Natal não são as prendas, é a familia e a tradição. Fica a minha explicação de porque é que esta frase cliché, para mim, é a mais pura das verdades.

Chorume da Sociedade

Livres de inteligência, essa característica que só nos traz desvantagens..Como eu gosto de poder ser à margem da sociedade, sem consideração pelos outros. Tirar por tirar, porque está ali á mão de semear, porque não conheço outra maneira de o obter, porque não conheço outra maneira de ser. Se não está ninguém a olhar, é meu porque devia estar. Nem sequer contorno as regras, simplesmente ignoro-as, não porque não as perceba, mas porque sou estúpido e tenho imenso orgulho nisso. Os meus temas de conversa vão do futebol ás bebedeiras sem nenhum tema entre os dois, e rio-me á parva com isso. Porque sou parvo.

A vocês meus otários de merda,
meus grandes montes de chorume,
meus anti-sociedade....

Quero dar os meus parabéns....Não pode ter sido fácil sobreviver com a meia dúzia de neurónios que vos foi dada, e o mundo anda rápido demais. Injustiçados da vida, corram para onde puderem, porque se houver justiça no mundo....aliás, se a evolução da sociedade, como na Natureza, escolher os mais fortes: Folgo em dizer que serão os primeiros a desaparecer. Parasitas de merda, só vivem porque há quem faça...Ao menos deixavam o meu Luigi em paz.

2008/12/19

Mundo assim

Assim que, que bom. Ensaio bom no sabor do infinito, com pitadas de granito, como facas neste ponto de loucura desvairada que num dia foi rei, noutro cruel...Para mim, nada disto é como parece nem o dia do ser louco se parece com um dia de sol no monte a norte de Munique, num brilho de cidade contida numa luz que nasce, renasce, espairece como um raio de sombra escondido num canto que é meu e é teu.

Nada disto é para mim, certamente, o que é para ti. Digo apenas que sei o que sabes, e vejo e que pensas, não saias desse tom, não percas essa casa, esse dom, essa dádiva do senhor. Pega, foge, puxa, mata, esfola, pensa, re-pensa e descansa.

Over and Out.

Ar fresco

Ar fresco. Finalmente... a escalada que me vinha atormentando chegou ao fim...Foi desgastante, irritante, desesperante por vezes. Agora já só sinto os pulmões repletos daquele sentimento de missão cumprida. Chegado ao cume, não sei se hei-de olhar para a frente ou para trás. De um lado recordo as fases em que as árvores milenares me impediam de ver o meu objectivo, rio-me das indecisões do caminho a tomar. Está tudo tão claro, agora. Consigo literalmente ver os percursos que escolhi e os que podia ter escolhido. Ainda por cima, conto com um dia de sol claro e céu limpo. Olhando em frente, vejo que me espera uma merecida descida, até ao próximo cume da Montanha. 

Os meus pés queixam-se, mas a minha cabeça nunca esteve tão tranquila. Sento-me então para apreciar a paisagem. Que lindo.....

Apercebo-me que gosto de caminhar.

2008/12/18

Considerações de A a ....onde?

Existe um ponto na linha do tempo, tanto na programação como na vida, em que a abstracção se interlaça com a lógica ao ponto de se tornarem indistinguiveis. Chamemos-lhe o Ponto A. O ponto da certeza.

Usamos os sentidos para percepcionar os factos concretos da existência e identificamos suas características. Vamos juntando estas peças do ser, e tentando encaixá-las até formar um puzzle coerente. Da maneira como as peças se encaixam, retiramos as regras - o sumo. E aí começa a abstração.

Este suminho permite-nos encaixar no puzzle factos que ainda não existem. O puzzle passa a ser tridimensional, e podemos rodá-lo a vê-lo de várias perspectivas. Sem novos factos, apercebemo-nos da dinâmica da estrutura, associamos lógica como cores, características como textura. O problema começa a ter estética associada. Nunca um problema é tão lindo como quando percebemos a sua complexidade.

Nesta fase, a estrutura faz parte de nós, conseguimos rodá-la, palpá-la, cheira-la, senti-la e, talvez o mais importante de tudo: moldá-la. O díficil torna-se fácil e parece que tudo faz sentido. A caminhada até ali enche-nos de orgulho, e hasteamos a bandeira da vitória. O ponto A de um problema.

Infelizmente a existência é mais complexa que isso. Um puzzle pode-se encaixar noutro puzzle, e assim sucessivamente até á total abrangência das coisas. O Ponto A absoluto é utópico, e á medida que para lá se caminha, os puzzles só parecem aumentar.

"What a man believes may be ascertained, not from his creed,
but from the assumptions on which he habitually acts."
George Bernard Shaw (1856-1950)

O que um homem acredita pode ser confirmado, não através das suas crenças, mas através dos pressupostos sob os quais habitualmente age.

Eu por mim vou conquistando puzzle a puzzle..Às vezes apercebo-me que juntei um puzzle que já toda a gente conhecia. Não me importo.

Era isto que eu tinha para dizer.

2008/12/17

Correr sem pernas

Está mesmo aqui mas parece que nunca chega...Raios partam, maldito final. Quando as coisas parecem correr bem, até já estão delineadas, cai mais um fruto da árvore da desgraça. Já sabendo o que significa, olho para a maldita peça de fruta com desdém e dou-lhe uma trinca só pela curiosidade masoquista de saber o que me espera. Um sabor horrendo, uma novidade desgraçada, a informação que precisava de ter sabido uns dias antes..Mas não consigo cuspir nem ignorar o sabor. Não só a vou mastigar, como come-la até ao fim.
Podia perfeitamente não comer e fingir que não tenho fome. Mas desta vez não.

Para já tento pensar num fruto de cada vez, vou semeando os caroços e espero que quando tudo isto acabar, as àrvores que daí cresçam sejam bem mais saborosas.

2008/12/16

A Tempestade e a Bonança

Ele para o tecto, ela para o chão. Olhavam. E continuavam olhando...Uma rotina à qual já se tinham habituado, após uma troca de berros, insultos...e depois nada. Silêncio. Mas silêncio só na ausência de som...porque por dentro havia ainda uma tempestade de coisas por dizer. Minutos e horas passados, nesse mar revolto começam a surgir frases que deveriam ter sido ditas de outra maneira. Insultos que foram longe demais. Mas agora não têm para onde ir...Afogam-se no que começa a ser já arrependimento, mas o orgulho puxa-os para baixo...

Não têm para onde ir, o que fazer
Está-lhes na natureza não dar o braço a torcer e farão o que sempre fazem...
Vão deixar passar algum tempo, esperar que algum catalizador os junte de novo e fingir que nunca aconteceu..Já os dois conhecem bem a rotina.
Mas naquela sala, debaixo daquele tecto e sobre aquele chão, era preciso dar o sinal. O raio de luz que ainda não ilumina mas promete a bonança...em breve. Lentamente cruzam o olhar, sem perder a pose, e à chuva ambos declaram tréguas, sem palavras, sem gestos.

Agora riem-se por dentro. Que estupidez...
E as coisas por dizer? Ficam para uma próxima vez...

2008/12/11

Wassily

Fecho os olhos e começo. Com o pincel na mão começo com uma linha. Começo sempre com uma linha. Uma linha liga a outra, e quando dou por mim já são duas. Olho para as duas. O que me lembram? Lembram-me duas linhas, na verdade, nada mais... Fecho os olhos com mais força ainda.
Reforço cada um dos traços sem sentido, ora mais grosso ora menos recto, até que duas se tornem uma só. De repente, tenho uma ideia. Já começou! O meu pincel começa a interagir entusiasticamente com as minhas ideias e o nada passa a tudo. O insosso passa a gostoso sem que eu sequer me aperceba disso. As minhas ideias estão mais à frente. Algo despoletou uma cadeia de passos que parecem infinitos e não consigo parar....até que paro. Cheguei ao ponto. Á bifurcação. Tudo até ali está certo, sem margem para dúvida...mas tenho que continuar.até ao fim.
Sigo com uma coreografia de melhorias e correcções, alterações tão leves que são mais marcadas na minha cabeça do que na tela. Sei que nunca darei isto por terminado, mas o processo encanta-me. A caminhada têm um sentido independentemente de ter fim ou não.

E cada vez que dou 7 passos atrás para ver de longe...sei exactamente qual é a minha parte preferida: aquele traço, aquela linha...Depois penso que outras coisas poderia ter dado.

2008/12/10

Mundo desigual


Com aquele brilho nos olhos estava pronto para enfrentar qualquer coisa. Pôs-se em cima da sua nuvem mágica, e fazendo com a boca um som de velocidade, voou sobre as colinas daquele mundo que conhecia como a palma da sua já enorme mão. Por entre árvores e pedregulhos, dirigiu-se para o seu habitual sítio de descanso, no cume da Montanha da Tranquilidade. Gostava daquele sítio...Ouvia-se o som da água, era abrigado do sol sem deixar de ter calor. O paraíso de quem quer descansar depois de um dia a salvar a Humanidade. Mas algo estava errado naquele dia e naquele lugar. Ao virar-se em câmera lenta, não podia acreditar no que lhe diziam os seus olhos. Um feroz felino, certamente não deste mundo nem de qualquer outro afiava os dentes com os olhos fixados no nosso herói. O mestre tinha-o preparado bem para este momento. Desembaiou a espada de Saramuki e correu em direcção á fera. Quando se preparava para aplicar o primeiro e último golpe, sentiu algo no pé. Algo forte. Ouviu-se um ruído e partiu-se algo que não devia....vidro? E a porta abriu-se:

A Mãe chegou a casa e levou as mãos á cabeça sem pousar a chave primeiro. Tentou encontrar gritos ou repreensões que pudessem ajudar, mas nada. Olhou em volta para sua sala premiada, agora irreconhecível, com almofadas espalhas, sofás amaçados, tapetes fora do sítio e aquela jarra de cristal quebrada. Olhou para o pequeno, que por esta altura ainda estava com a colher de pau em corrida interrompida para lutar com o gato. Olhos esbugalhados da mãe, olhos esbugalhados do pequeno, olhos esbugalhados do gato. O mundo parou naqueles 10 segundos em que a mãe escolhia a sua reacção..

2008/12/09

Passo a passo

Um dia. Um homem. Um passo. Todos os dias.
O tempo passa e o homem passa com ele. Dá passos em direcção ao que acredita ser o fim do dia, mas afinal é apenas o começo de um outro. Ao fim do dia, lembra os passos que deu, e planeia os que dará amanhã. Passam-se horas, e o homem a rever e planear os seus passos. Passam-se dias. Anos. Quantos passos são precisos para atingir o objectivo? Qual é o objectivo?

Enquanto isso, uma criança dá os primeiros passos.

Também o mundo caminha. Caminha não com os passos de um homem, mas com a passada de todos. Todos os que caminham. Mas caminham em direcção a quê? O que governa a passada do mundo? O tempo?

Passo a passo, o homem passa a ser um passo do tempo, e o mundo parece que fica, estático, como se nada se passasse...O que se passa afinal?

2008/12/04

Hmmmm.....

Numa banheira larga, rode a torneira de água quente no sentido contrário aos ponteiros do relógio. Coloque o tampão para não deixar a água fugir e dirija-se á sua prateleira. Escolha um livro relaxante, que facilmente se possa pegar com uma mão apenas. Se preferir, uma música também é um ótimo acompanhamento. Algo leve, mas agradável...

Aguarde entre 5 e 10 minutos até haver água suficiente para cobrir o seu corpo. Vá deixando os dedos namorar com a água, moderando qualquer briga de temperatura entre os dois. Quando se sentir pronto, deixe-se mergulhar na água.

Vá deixando os músculos enternecer, e deixe-se marinar. Junte os pensamentos do dia, da semana, da vida. Saiba que é nisto que não deve pensar. Pense em nada. Quando se aborrecer, experimente enfiar a cabeça debaixo de água e fazer bolhinhas com o sopro. Se morar num apartamento, atente como ao ter os ouvidos debaixo de água consegue ouvir os vizinhos a arrastar cadeiras. Olhe para o tecto, comente aquele branco. Vá distraindo a sua cabeça, permitindo ao seu corpo relaxar todos os músculos do seu corpo. Use o livro, concentre-se na música. Cante ou murmure a última canção que ouviu na rádio. Quando sentir a água a perder o calor, comece a pensar em dar inicio ao processo de eventualmente terminar o banho.

Termine tudo isto com uma toalha, de preferência pré-aquecida, cubra com um robe, acompanhe com umas pantufas e saboreie o resto do dia.

2008/12/02

Batalha mental


-"Deixa-te de ser estúpido, ouve lá!"
Assustado, rodei o pescoço para ver quem me insultava desta maneira. Ninguém à vista. Intrigado, continuei em direcção ao parque da cidade, onde mais três da minha laia me esperavam para a habitual jogatina. Já via a entrada do parque, aquela relvinha gostosa, pensava numa tarde bem passada com a malta quando...
-"Depois não digas que não te avisei...". Não fiquei assustado. Continuava sozinho, mas já tinha percebido quem falava. Habituei-me ao longo da minha vida à personalidade própria da minha consciência. Ela sabe mais que eu, domina o meu inconsciente, mas insiste em ser rebelde, não me dizer o que eu preciso de saber. Agora andamos em luta, eu e ela. Faço de conta que não é importante. Ela diz-me que alguma coisa está em falta mas não diz o quê, e eu espero. Espero que a minha consciência que consciêncialize....Estou consciênte da inconsciência da minha consciência, fiz as pazes com isso, estou preparado para lidar com as consequências. Consequências para mim e para ela. Coisas não feitas, são chocolate para a minha cabeça. Ela gosta, mas faz-lhe mal. Depois não admira que eu ande de consciência pesada.
Sempre a distrair-me, a pedir atenção, meter-se onde não é chamada...É rebelde a minha cabeça. E tem a mania que sabe mais que eu.