2009/11/04

A minha caixinha mágica

Existem acontecimentos raros...o alinhamento dos planetas do sistema solar, a passagem do cometa Halley, eclipses solares ou eu arrumar o meu quarto. Este último aconteceu recentemente.

Imagina que 80% das coisas em que peguei não arrumei, mas deitei fora. Pode-se mesmo dizer que não tinha o quarto desarrumado, mas sim sujo. Folhas, revistas, papeis, maços de tabaco vazios, canetas estragadas, tampas roídas, pedaços de cotão, peças de computador que já não funcionam, etc etc...É incrível a facilidade com que tive que fazer 4 viagens ao contentor para levar todos os sacos (sim, daqueles grandes) resultantes desta arrumação/limpeza.

Pois que no meio de tanto descarte, dei-me com uma caixa de plástico, minha velha conhecida.

Foi o único sítio do meu quarto onde achei que o pó ali estava merecidamente, e como tal, não limpei. A minha caixa de recordações, foi construida espontâneamente, a seu vagar, respeitando a paciência dos tempos, e é neste momento uma representação física da minha fragilizada memória.
É difícil pôr em palavras a hora que passei a olhar para cada um dos objectos ali dentro. Recordações tão comuns como fotos, postais, cartas, e tão bizarras como um molhe de chaves, uma folha de árvore, um gancho de cabelo. Numa hora, voltei a ser actor, aos corredores do lusó, saltei continentes, senti amores passados longínquos e recentes, voltei a ser agente secreto, o meu primeiro concerto, a minha primeira viagem, fui caçador, poeta, escritor, voltei a ter as ideias tolas e as fases parvas mas muito minhas, essas partes de mim..................numa hora só. Foi brutal! São as verdadeiras peças deste puzzle ainda incompleto. É como de repente olhar para a informação toda e pensar....está explicado.

Uma vantagem de nunca deitar nada fora, suponho.

Se ainda não tens nada que se assemelhe, começa já a empacotar pedaços da tua memória. Vale a pena.