2009/03/21

A educação, a Inovação e o Equilíbrio das Coisas

Inspirado por uma conferência a que assisti na sessão de apresentação da Moving Cause, dei por mim a pensar nas coisas que as pessoas sabem. A educação e experiência profissional dá às pessoas capacidades e experiências que as especializam, de certa forma, num determinado tema. Dividimo-nos em especialistas, de informática, psicologia, medicina, etc. e apoiamo-nos uns nos outros como sociedade para responder a todos os desafios e necessidades. A mim sempre me fez confusão a noção da pessoa especializada, que sabe mais disto do que qualquer outra coisa.

A human being should be able to change a diaper, plan an invasion, butcher a hog, conn a ship, design a building, write a sonnet, balance accounts, build a wall, set a bone, comfort the dying, take orders, give orders, cooperate, act alone, solve equations, analyze a new problem, pitch manure, program a computer, cook a tasty meal, fight efficiently, die gallantly. Specialization is for insects.

-Robert A. Heinlein


Acho que muito cedo na vida, escolhemos a especialização a tomar, ainda sem grande compreensão sobre nós mesmos nem da maneira como ela pode contribuir para coisa que seja, sem ser o "emprego" que nos sustenta. Com isto não quero dizer que se deva adiar a decisão. Por outro lado, talvez seja necessário na fase de educação multi-disciplinar algo que nos ensine a interrogarmo-nos sobre nós mesmos, um ensino exploratório e não explicativo. Tenho para mim que a noção da palavra "Inovação" não é criar alguma coisa nova, mas sim re-inventar algo que existe. É esta capacidade que acho que nos falta, como pessoas, na educação que recebemos, em relação a nós mesmos. Por um lado, tornar-nos-iamos mais versáteis e dinâmicos, por outro teriamos armas para combater a incerteza do futuro e a vertigem da rotina que penso que nos é comum. Re-inventar a nossa pessoa é sempre um desafio e sempre uma conquista na minha opinião.



Por último, entra o meu lado espiritual. Considero-me agnóstico, pelo menos em relação à noção tradicional de Deus. No entanto, acredito no equilíbrio das coisas. Entre as coisas estão as pessoas, e rejeito a ideia de duas pessoas iguais. A ideia que tenho é que cada um de nós, ao seguir o seu caminho, ao mudar de rumo, ao fazer uma decisão será compensado naturalmente por outras decisões de outras pessoas, que influenciadas pelo desiquilibro, preenchem o espaço em falta. Acredito que as capacidades e gosto inatos às pessoas estão igualmente distribuídos, e que todos podiamos estar a fazer algo que nos completa, não necessáriamente na vida profissional, mas também na vida pessoal. Com isto só quero dizer que, a minha crença é que não há perigo de toda a gente fazer o mesmo ao mudar para o que lhe é natural porque a vida tal como ela é faz com que sejamos naturalmente um todo.

Mais uma vez, sem grande ideia do que isto possa ajudar, deixo-vos com uma teoria com três vértices, que promete ser apenas mais um post deste monte de letras que é o meu blog. No entanto, deixo alguns "porque não"s que podem fazer algum sentido (ou não) para o que acabei de pôr na mesa virtual:
- Porque não ter no ensino básico uma disciplina e acompanhamento que permita à pessoa ter uma melhor noção do seu perfil?
- Porque não uma maior número de workshops melhor divulgados, introduzindo uma área ou um conceito?
- Porque não existe em Portugal a noção de "Gap year", onde a pessoa antes de escolher o que fazer da vida, tira um ano sabático para viajar e se descobrir?
- Porque não tornar a reforma numa fase da vida de empreendedorismo?
- Porque não mais iniciativas como o TED.com?

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