2009/01/05

VC city

Sem mais do que 4 metros quadrados, o compartimento em que me encontro é um mundo por si só. Daqui vejo a minha Mãe, na cozinha, sempre a inventar algo para fazer. De vez em quando vai á sala chamar a atenção do meu Pai, que levanta os óculos pousados no mesmo nariz que o meu, e solta um grunhido de ternura e condescendência. Normalmente fumo um cigarro e admiro o comprimento da marginal de Vila do Conde, até á Póvoa. Hoje decidi escrever.

Os dias aqui têm um encanto diferente..não sei bem o que fiz hoje, pelo menos nada que me lembre daqui a algum tempo. Troquei ideias com o meu pai, discussões com o meu irmão, carinhos com a minha mãe, piadinhas com a Nita, e onomatopeias com o meu sobrinho.
Chegam os meus avós, os meus tios, e acompanhados das mesmas perguntas e respostas de sempre entretemo-nos a devorar os comes da mesa e a luz da TV.
Há dias em que passeio pela marginal, respiro a maresia e as recordações de outros dias em que passava aqui os verões. A gente da vila passeia na marginal, calma. Um passa de bicicleta, outro de corridinha, sempre tranquilos. O vento, esse aqui corre como se não houvesse amanhã. E será que há um amanhã? Às tantas o vento tem razão em se apressar...Será? Estaremos a desperdiçar o tempo ao fazer nada de memorável?

Eu não acredito nisso...Para mim esta terra de vento nervosinho é um descanso. Aquele refúgio quase que espiritual, que junta mimos da família, mar e silêncio. Para levar a vida que se leva, é preciso um dia de vila do conde de vez em quando.
Para fazer bem, é preciso fazer nada também.

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