2008/12/11

Wassily

Fecho os olhos e começo. Com o pincel na mão começo com uma linha. Começo sempre com uma linha. Uma linha liga a outra, e quando dou por mim já são duas. Olho para as duas. O que me lembram? Lembram-me duas linhas, na verdade, nada mais... Fecho os olhos com mais força ainda.
Reforço cada um dos traços sem sentido, ora mais grosso ora menos recto, até que duas se tornem uma só. De repente, tenho uma ideia. Já começou! O meu pincel começa a interagir entusiasticamente com as minhas ideias e o nada passa a tudo. O insosso passa a gostoso sem que eu sequer me aperceba disso. As minhas ideias estão mais à frente. Algo despoletou uma cadeia de passos que parecem infinitos e não consigo parar....até que paro. Cheguei ao ponto. Á bifurcação. Tudo até ali está certo, sem margem para dúvida...mas tenho que continuar.até ao fim.
Sigo com uma coreografia de melhorias e correcções, alterações tão leves que são mais marcadas na minha cabeça do que na tela. Sei que nunca darei isto por terminado, mas o processo encanta-me. A caminhada têm um sentido independentemente de ter fim ou não.

E cada vez que dou 7 passos atrás para ver de longe...sei exactamente qual é a minha parte preferida: aquele traço, aquela linha...Depois penso que outras coisas poderia ter dado.

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