Chegam um a um, á Terra da castanha, velha Arouca, fria como sempre, mais fria este ano que nos outros, ou pelo menos todos os anos assim parece.
O café Luso parece não mudar com os anos, as cadeiras cheiram a convívio, puxam as risadas que os mais experientes trocam ao jogar a sueca ou discutir o futebol que já não é o mesmo do tempo deles. Controlando este ambiente, sempre observante, o Armandinho do café, o homem que me deu o segundo nome. E que homem. Grandes feitos, o outrora mais novo de 16 irmãos, é agora o pai daquilo a que chamo toda uma família. A minha família.
E um a um, vão chegando, de propósito, a avaliar pela festa que se faz a cada chegada. Vemo-nos de semana a semana, mas só uma vez por ano é Natal. O casarão vai enchendo, o volume das vozes roucas de quem já foi jovem a rir, maldizer, coscuvilhar, cantar! Uns riem porque acham piada, outros riem-se dos outros, e outros ainda simplesmente felizes por ali estar.
A consoada chega num travessão, mas o truque está no molho. Em uníssono devoramos o saboroso bacalhau, enquanto recordamos pela milésima vez todos os Natais passados. Logo dá para observar quem são "as 4 irmãs". Aquelas que se levantam para fazer um anúncio, que afinal mais não é do que uma troçadela marota. As meninas que fazem a festa, e que sem ter que pensar cantam as "Canções de Arouca" naquelas vozes...de quem já foi jovem. Os mais novos vão despachando o ciclo, apressados da parte que lhes desperta a curiosidade:
Na simplicidade do que é, o meu Natal nunca foi enfadonho. Este relato pode bem ser qualquer um de todos os Natais que me lembro, e amanhã só quero que seja igual. Do fundo do meu coração, mas igualmente da maneira mais racional que posso, digo: O Natal não são as prendas, é a familia e a tradição. Fica a minha explicação de porque é que esta frase cliché, para mim, é a mais pura das verdades.
1 comment:
bonito!
bom Natal :)
Post a Comment