Um plano: um sítio, um dia, uma hora, um percurso, um restaurante, dois temas de conversa e quatro sapatos. Mais que isso não era.
Na indecisão de estampar no seu cheiro umas gotas de perfume, Pablo ensaiou para espelho o primeiro "olá". O espelho torceu o nariz, e Pablo não podia estar mais nervoso. Pôs o raio do perfume. Saiu de casa. No elevador, mais um espelho. Deu um jeitinho ao cabelo, verificou a humidade dos lábios e ajeitou o casaco. Será que está bem?
Horas depois, voltou a casa. No mesmo espelho do elevador, viu-se de cabelo a pingar, casaco encharcado, dedos enrugados de frio. E soltou um enorme sorriso. Às vezes subestimamos a possibilidade de sermos surpreendidos pela positiva. E teria sido impossível planear um dia assim.